Tito Quíncio Capitolino Barbato
Tito Quíncio Capitolino Barbato | |
---|---|
Cônsul da República Romana | |
Consulado | 471 a.C. 468 a.C. 465 a.C. 446 a.C. 443 a.C. 439 a.C. |
Tito Quíncio Capitolino Barbato (em latim: Titus Quinctius Capitolinus Barbatus) foi um político da gente Quíncia nos primeiros anos da República Romana eleito cônsul por seis vezes, em 471, 468, 465, 446, 443 e em 439 a.C., com Ápio Cláudio Sabino Inregilense, Quinto Servílio Prisco, Quinto Fábio Vibulano, Agripa Fúrio Medulino Fuso, Marco Gegânio Macerino e Agripa Menênio Lanato respectivamente. Foi o primeiro Quíncio a chegar ao consulado. Era pai de Tito Quíncio Capitolino Barbato (cônsul em 421 a.C.).
Primeiro consulado (471 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Foi eleito pela primeira vez em 471 a.C. com o colega Ápio Cláudio Sabino Inregilense[1], este último graças ao apoio dos patrícios que se opunham à aprovação da Lex Publilia Voleronis[2].
Durante o conflito entre patrícios e plebeus para a aprovação da Lex Publilia Voleronis, Tito Quíncio assumiu uma posição menos intransigente que a de Ápio Sabino e, por isso, lhe coube a mediação entre as duas ordens, impedindo que as tensões se transformassem num conflito aberto. A sua intervenção foi determinante para salvar seu colega da fúria da população[3] durante um dos comícios nos quais se discutia a lei[4].
Logo em seguinda[5], à Ápio Cláudio coube o comando da campanha contra os volscos e à Quíncio, a contra os équos[6]. Estes dois povos, vizinhos de Roma, aproveitavam qualquer distúrbio social na cidade para realizar raides e saques em território romano. Ao contrário da campanha contra os volscos, uma derrota para os romanos por causa das tensões com a plebe e a atitude severa de Ápio Cláudio, a campanha contra os équos terminou bem graças à posição conciliatória de Tito Quíncio[6][7].
Segundo consulado (468 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Em 468 a.C., Tito Quíncio foi novamente eleito, desta vez com Quinto Servílio Prisco[8], somente com os votos dos patrícios, pois a plebe se recusou a participar das eleições[9].
A Quinto foi confiada a campanha contra os sabinos, que haviam saqueado duramente o território de Crustumério (em latim: Crustumerium), que chegaram até a Porta Colina[9], enquanto Tito Quíncio liderava a campanha contra os volscos e équos, que se aliaram contra Roma[8].
Em resposta ao ataco dos sabinos, Quinto Servílio enviou uma expedição que devastou o território deles e retornou com um butim ainda maior do que o conquistado pelos sabinos[9][8].
Durante a campanha contra os volscos, apesar de uma posição inicial de inferioridade numérica e posicional, o Tito Quíncio e seu exército tomar o acampamento dos volscos, que bateram em retirada em direção a Anzio (em latim: Antium). Os romanos cercaram a cidade e conseguiram, dias de depois, que ela se rendesse, menos por causa das ações similares e muito por conta da desmoralização das tropas volscas depois da derrota sofrida na batalha[10][11]. Por esta conquista, Tito Quíncio recebeu um triunfo[12].
Terceiro consulado (465 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Em 465 a.C., foi eleito pela terceira vez, desta vez com Quinto Fábio Vibulano, único varão sobrevivente da gente Fábia, já em seu segundo consulado[13][14].
Os dois cônsules invadiram o território dos équos, culpando-os de não terem mantido a paz firmada com os romanos, violando-a com seus frequentes raides. A batalha, travada perto do monte Algido, foi favorável aos romanos, que tomaram o acampamento inimigo.
Na ocasião ainda ocorriam numerosos raides équos em território romano, com um grande temor se espalhando entre os fazendeiros. Tito Quíncio encerrou a confusão perseguindo os salteadores e levando-os direto para uma emboscada preparada por Quinto Fábio, que os aniquilou definitivamente[15].
Neste mesmo ano, Roma realizou um censo, cujo resultado foi celebrado por Tito Quíncio:
“ | Em seguida foi realizado o censo e Quíncio celebrou o sacrifício final. Aparentemente, os cidadãos registrados — excluindo-se órfãos e viúvas — chegaram a 104 714. | ” |
Terceiro consulado e a guerra contra os équos (464 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Em 464 a.C., na época dos cônsules Espúrio Fúrio Medulino Fuso e Aulo Postúmio Albo Regilense, Roma novamente entrou em guerra contra os équos, que ameaçavam o território dos hérnicos, aliados romanos[17].
O comando do exército foi confiado a Fúrio Medulino enquanto Postúmio permanecia em Roma. A batalha foi travada em território hérnico e não foi favorável aos romanos, inferiores em número, que, para não serem aniquilados, se retiraram abandonando o próprio acampamento, imediatamente tomado pelos inimigos. Em Roma, o Senado decidiu confiar o socorro a Tito Quíncio, que recebeu o poder consular (procônsul), enquanto o outro cônsul, Postúmio, continuava com a missão de defender o território romano e sua capital[18].
Tito Quíncio, com seu próprio contingente reforçado por unidades emprestadas pelos aliados latinos e hérnicos, conseguiu socorrer o cônsul em perigo, atacando o campo inimigo. Não apenas isso, com um movimento de pinça, coordenando suas forças (que incluía as que estavam sob o comando de Fúrio), com as de Postúmio, que haviam saído do território romano, ele conseguiu infligir uma dura derrota aos équos, que se dispersaram e passaram a saquear o território romano em bandos[19].
Quarto consulado (446 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Em 446 a.C., quase vinte anos depois de seu mandato anterior, foi novamente eleito juntamente com Agripa Fúrio Medulino Fuso.
Aproveitando dos distúrbios internos em Roma, entre patrícios e plebeus, volscos e équos, pela enésima vez, invadiram o território romano e chegaram, praticamente sem enfrentar oposição, até os portões da cidade. Naquela situação terrível, Tito Quíncio faz um discurso ao povo romano reunido, urgindo-os a deixar de lado a luta entre as classes, preservado integralmente por Lívio[20].
“ | Continuais as tuas estreitas assembleias e continuais a viver bem no Fórum: mas é necessário tomar as armas — o que vós se negais a fazer — urgentemente. Ponderamos marchar contra équos e volscos? A guerra agora está sobre nós. Se vós não a enfrentardes, ela estará logo dentro das muralhas e no alto do Capitólio, chegando até mesmo às vossas casas! | ” |
Alistado rapidamente um exército, Agripa Fúrio cedeu o comando de suas próprias legiões a Tito Quíncio para uma campanha mais eficiente, algo que ele não precisava fazer, mas que lhe valeu a estima e o reconhecimento do colega. A Batalha de Corbio foi curta e sangrenta, com os romanos, vitoriosos, retornando à cidade com o butim que os inimigos haviam amealhado[22].
O ano consular foi, porém, manchado pela decisão do povo romano reunido, incitado por Públio Escápio, de reivindicar os territórios disputados entre Ardea e Ariccia, que haviam solicitado ajuda de Roma para resolver a questão[23].
Interrex (444 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Em 444 a.C., depois de um decreto pelo qual os áugures decretaram nula a eleição dos três primeiros tribunos consulares eleitos para o ano, Tito Quíncio foi nomeado interrex dos patrícios. Seu mandato durou vários dias, pois não se conseguia decidir se se deviam ser nomeados os cônsules ou os tribunos militares[24].
No final, os patrícios levaram a melhor sobre a plebe e Tito nomeou Lúcio Semprônio Atratino e Lúcio Papírio Mugilano cônsules pelo resto do ano.
Quinto consultado (443 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Tito Quíncio foi eleito cônsul no ano seguinte juntamente com Marco Gegânio Macerino, que já estava em seu segundo mandato[25]. Durante o mandato dos dois, foi instituída a magistratura do censor, sobretudo para aliviar os cônsules das tarefas referentes aos censos[25].
A Marco Gegânio foi confiada a missão de re-estabelecer a ordem em Ardea, aliada de Roma, depois que os plebeus ardeatinos passaram a atacar seus patrícios, confinados na fortaleza da cidade. Tito Quíncio ficou em Roma administrando a cidade, tratando de garantir os direitos de patrícios e plebeus, o que ele parece ter conseguido, pois nenhum conflito foi registrado neste ano[26].
Sexto consulado (439 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Num feito inédito até então, Tito Quíncio foi eleito para um sexto consulado, em 439 a.C., juntamente com Agripa Menênio Lanato[27].
Lúcio Minúcio, eleito praefectus annonae (responsável pelo suprimento alimentício) para o ano, acusou Espúrio Mélio de conspirar para restaurar a monarquia. Tito Quíncio, acusado pelo Senado de ter feito pouco para acabar com a conspiração, propôs conferir a Cincinato a ditadura para que pudesse agir com os plenos poderes da função[27].
Debelado o complô com a morte de Espúrio Mélio pelas mãos de Caio Servílio Aala, que teve o apoio do ditador, os senadores tiveram que ceder à pressão dos tribunos da plebe para que, no ano seguinte, o governo de Roma fosse dos tribunos consulares[28].
Batalha de Fidenas (437 a.C.)
[editar | editar código-fonte]Em 437 a.C., na campanha militar contra Fidenas, que deixou a aliança com Roma para uma nova com veios, capenos e faliscos foram enfrentados pelo ditador Mamerco Emílio Mamercino[29].
Na batalha, que terminou em vitória romana, a Tito Quíncio foi confiada a ala esquerda do exército romano, que enfrentou os soldados etruscos liderados por Tolúmio.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Cônsul da República Romana | ||
Precedido por: Lúcio Pinário Mamercino Rufo |
Ápio Cláudio Sabino Inregilense 471 a.C. com Tito Quíncio Capitolino Barbato |
Sucedido por: Lúcio Valério Potito |
Precedido por: Tito Numício Prisco |
Tito Quíncio Capitolino Barbato II 468 a.C. |
Sucedido por: Tibério Emílio Mamerco II |
Precedido por: Quinto Servílio Prisco II |
Quinto Fábio Vibulano II 465 a.C. com Tito Quíncio Capitolino Barbato III |
Sucedido por: Aulo Postúmio Albo Regilense |
Precedido por: Marco Gegânio Macerino com Caio Júlio Julo |
Tito Quíncio Capitolino Barbato IV 446 a.C. |
Sucedido por: Caio Cúrcio Filão |
Precedido por: Lúcio Papírio Mugilano |
Tito Quíncio Capitolino Barbato V 443 a.C. com Marco Gegânio Macerino II |
Sucedido por: Marco Fábio Vibulano |
Precedido por: Próculo Gegânio Macerino |
Tito Quíncio Capitolino Barbato VI 439 a.C. |
Sucedido por: Mamerco Emílio Mamercino |
Referências
- ↑ Dionísio, Antiguidades Romanas IX, 43
- ↑ Lívio, Ab Urbe condita libri II, 56
- ↑ Dionísio, Antiguidades Romanas IX, 48
- ↑ Lívio, Ab Urbe condita libri II, 56-57
- ↑ Dionísio, Antiguidades Romanas IX, 49
- ↑ a b Dionísio, Antiguidades Romanas IX, 50
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri, II, 60.
- ↑ a b c Dionísio, Antiguidades Romanas IX, 57.
- ↑ a b c Lívio, Ab urbe condita libri II, 64
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri II, 64-65
- ↑ Dionísio, Antiguidades Romanas IX, 57-58.
- ↑ Dionísio, Antiguidades Romanas IX, 58.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita Libri, 2.
- ↑ Dionísio, Antiguidades Romanas IX, 61.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 2-3.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita Libri III,3.
- ↑ Dionísio, Antiguidades Romanas IX, 62.
- ↑ Dionísio, Antiguidades Romanas IX, 63-64.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita, III. 4-5
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri, III, 4, 67-68
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri III, 4, 68
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri, III, 4, 70
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri, III, 4, 71-72.
- ↑ Lívio, Ab Urbe Condita libri IV, 7
- ↑ a b Lívio, Ab urbe condita libri, IV, 8.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri, IV, 10.
- ↑ a b Lívio, Ab urbe condita libri, IV, 13.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri, IV, 16.
- ↑ Lívio, Ab urbe condita libri, IV, 2, 17.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]Fontes primárias
[editar | editar código-fonte]- Dionísio de Halicarnasso, Antiguidades Romanas
- Lívio, Ab Urbe condita libri
Fontes secundárias
[editar | editar código-fonte]- Este artigo contém texto do artigo «Capitolinus Barbatus, Titus Quinctius» do Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology (em domínio público), de William Smith (1870).
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Dionísio de Halicarnasso. «Antiguidades Romanas» (em inglês). Lacus Curtius